sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Três Sirimpintis


Três sirimpintis
foram sirimpintar.
Primeiro iam rinhilis,
depois, com mais calma,
começaram a rinhilar,
a rinhilar, e pararam.

Pararam ao sol
sirimpintados.
O verde, espindorido.
O azul, espalhasol.
O vermelho, assarapantado.

- Vamos ao sirintógrafo?
disse espindossol
o verde, já azulado.
- Vamos!
disseram o azul e o vermelho
muito esverdeados.

E foram de seguida.
Nesse dia nevoeiruz,
todos podiam ver
três sirimpintis
em pose derretida.

Três Talac-Nhocas fazem o Trilho do Mistério








Três talac-nhocas
talac-talac estavam
a estalar pipocas
a cerzir palavras tortas
em rendas de minhocagem.

Em volta de fogueira própria
pipocam termos no caldeirão.
E as palavras saltam, espevitadas,
loucas! em mágicas enroladas
cada uma na sua direcção.

À talac-nhoca Óca
“mistério” foi o que saiu;
“acolá” à talac-nhoca Lac
e sobre a talac-nhoca Nhó
pulou a palavra “trilho”.

Óca, Lac e Nhó, sem pressas,
apagam o fogo das palavras
nas rendas de minhocagem.
É por acolá!
Têm de seguir o trilho do mistério.
Já.

O Burro Atmosférico







O burro atmosférico
é tão doce, tão doce,
que quando fecha os olhos
nevam flores.

Se rebola, solto,
revolto,
chovem confetis,
chovem carnavais
de estrelas intermitentes.

Se está triste
e uma lágrima nasce,
logo um manto azul, denso,
cai sobre a noite
e cerram-se as pálpebras
do horizonte.

Às vezes, se ninguém vê,
brinca com a forma da lua:
lua-gomo-de-laranja
lua-gigante-ferradura-de-ouro
lua-luna-de-lua-em-lua.

E rola revolto
o mundo..
Nevam flores,
chovem confetis,
e cai a noite
de lua em lua.