sábado, 15 de março de 2008

Noites que jorram beijos


I

As noites que jorram
beijos atravessam luas
de beijos cheias.

II

É na noite noiva
que jorram beijos.

Os beijos atravessam
noivos a noite
e jorram noites
e noites de brancos
beijos.

III

Nas noites
brancos os beijos jorram.

Luas atravessam-se
nas noites e noites
desses beijos
que sendo brancos
das noites jorram.

IV

Noites brancas
de tantos beijos
jorram ainda mais beijos.

Tontos e brancos
brancos e tontos
atravessam
as quatro luas
as quatro noites
num só beijo.

V

Jorram tantos beijos
tontos a noite atravessam
de manhã são rio.

Torrentes de beijos
jorram da noite.
São lágrimas da lua
corada de tantos
beijos
corada de brancos
beijos.

VI

Noites jorram das luas
de beijos coradas
por uma só noite branca.

Na noite, a luz jorrou.
Na boca, o beijo.
Noites jorram beijos
de beijos cheias.
Atravessam luas.
De manhã são rio.

VII

Atravessa a noite
o beijo
jorrou da boca
a sua memória.

Jorrou a lua
da sua memória.
Jorrou das bocas
o beijo
que na sua memória
atravessa a noite.
Tanta noite
e só aquele beijo
a atravessa.

VIII

Na boca o beijo
atravessa de noite
a sua memória.

Beijos atravessam noites.
Jorram da memória
das noites
jorram das noites
jorram dos beijos
memórias
de lua branca.

IX

A noite noiva
veste-se de beijos.

A noite noiva
veste de beijos
o branco
que jorra da lua.
Torrentes de beijos
que de noite jorram
brancas,
atravessam a lua.

X

Jorram tantos beijos
tontos a noite atravessam
de manhã são rio.

Sem comentários: