terça-feira, 20 de maio de 2008

Tanto amor de uma assentada


Tanto carinho rolado
no ninho, de uma assentada.
É a mãe grifa de amor
que se esmera deleitada.
Tantos mimos desde a madrugada.

Bica, debica, enrola,
pica, empurra, rebola,
o bebé aceita, coopera,
desespera e colabora.

Vem o pai, traz comida,
chega ao ninho, babado,
ele e ela enrolam, rebolam,
viram, reviram, coçam,
comemoram e entreolham-se:
- Que linda criança é a nossa!

Pai grifo olha em redor.
Na fraga a pique, mais abaixo,
estão dois grifos grandes parados.
Feitos estátua e de olhos fechados.

Um olho buliu e o outro lhe ardeu:
- Quem são aqueles dois, quem são?
A mãe grifa respondeu:
- Não há razão para preocupação!
São nossos primos, nossos vizinhos,
acabaram de chegar da jornada.
E estão alerta, desde a madrugada.

E o tal tanto amor
(o mar de carinhos,
a madrugada de mimos)
por momentos suspenso
devido ao perigo potencial,
voltou de novo duma assentada.

E vira, debica, sacode e rebola,
enrola, cata, repica e abana,
na fofa criança,
farfalhuda e de penugem branca,
até ao momento crucial
em que o pai regurgita,
em que desembucha
na pequenininha boca…
mas, antes, deixa ficar no ar
uma muito importante nota:
- Que linda criança é a nossa!

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