domingo, 2 de novembro de 2008

O Arqueiro


O arqueiro lança longe
mais um cheiro:
o da lã do carneiro
que estava no ninho da carriça.
Longe vai o cheiro,
até a uma barca, no mar.
Ao cair o cheiro quente do ninho
da lã do carneiro
no fundo da barca de madeira,
dele e dela,
a palavra amarga muda de tom,
começa a surgir brandura baixinho
e a barca passa a ninho.

O arqueiro semeia
outro cheiro:
o da terra – viva
em profusão primaveril.
Atravessa o campo
e cai na cidade,
num lancil de cimento,
e logo ali,
quem passa, sorri.




O arqueiro
permeia
memórias do que somos
com sonhos de maré cheia.
Trauteia
o campo com pedacinhos de mar
e a cidade que com fruta se recheia.
Caldeia
cheiros de lava
com perfumes de lavanda.

O arqueiro
é o Costureiro.
O arco leva a maçã sadia
que une aos rumores de maresia.
E caminha no suave bulício
do fogo que atea.



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