Na toca da margem da ribeira, que grande azáfama! É Dona Lontra Bernardina que nunca sai de casa. Quer inventar umas asas. Tira que põe, mexe que gira. Tira que põe, mexe que gira.
Dona Lontra Bernardina tem na ria de Alvor um laboratório de alquimia. Quer fazer umas asas para velivolar pelo atrimundo, como a águia, como a andorinha. Tira que põe, mexe que gira. Tira que põe, mexe que gira.
No Inverno, a Águia Pesqueira conta-lhe sobre a neve na Escandinávia.
No Verão o Perna – Longa conta-lhe sobre os desertos de África. E a Dona Lontra Bernardina pergunta-lhes:
- Porque não têm asas as lontras? E porque não voam o mundo?
Já criou um buzinverso unilaranja, uma estrelância ourinémona, uma serilua triluche. Umas asas é que não. E tenta, tenta, tenta. Tira que põe, mexe que gira. Tira que põe, mexe que gira.
Um dia foi visitá-la o Borrelho-de-Coleira-Interrompida e levou-lhe a morraça verde de que fez o seu ninho no sapal.
- A morraça pode ser o ingrediente que te falta!
Noutro dia, foi vê-la a Andorinha-do-Mar-Anã e ofereceu-lhe um estorno flexível de que fez o seu ninho na duna.
- O estorno pode ser o que precisas para as asas!
Ainda noutro dia entrou pela sua casa adentro uma Dourada que a brindou com um pacote do mais saboroso plâncton das águas do estuário.
- O plâncton pode ser o segredo para voares!
Dona Lontra Bernardina agradeceu os seus presentes. Pela primeira vez tomara consciência de que não conhecia as plantas que cresciam mesmo ao lado da sua casa. Nem nunca tinha ido ao sapal, nem à duna, nem às águas do estuário… E mesmo antes de experimentar os novos ingredientes, resolveu retribuir a visita aos seus amigos.
No prado do sapal encontrou o pai Borrelho, que era jardineiro, a podar sapeiras e tamargueiras. Queria deixar tudo pronto para ir ao festim da baixa – mar, organizado pelas amêijoas e lingueirões.
Na duna deparou com a Andorinha-do-Mar-Anã no ninho, protegida do vento pelos cordeirinhos da praia. Chegou mesmo no momento em que umas andorinhas – bebé se libertavam da casca do ovo e outras já corriam atrás de um gafanhoto.
No estuário, imersa nas cores de um jardim de algas e limos, descobriu a Dourada, que era enfermeira e estava a cuidar dos recém – nascidos linguados, robalos e sargos.
Borrelho, Andorinha e Dourada prometeram-lhe que na próxima visita ainda lhe mostrariam outras coisas:
- Quero que vejas como estas flores amarelas vivem dentro das outras plantas do sapal – disse o Borrelho.
- Vou buscar-te na próxima tempestade para veres como a minha duna amortece as ondas – disse a Andorinha.
- Quando o meu amigo choco vier, vou chamar-te para o ajudarmos a pôr os ovos nas alfaces-do-mar – disse a dourada.
Dona Lontra Bernardina chegou a casa cansada. Que fantástico mundo novo tinha ali mesmo ao pé! Dormiu umas horas e quando acordou foi direitinha ao laboratório. À poção para voar juntou a morraça, o estorno e o plâncton. Agitou firmemente aquela mistura psicadélica de verdígulas vermelhas e colocou o tubo de ensaio durante algumas horas nas águas calmas da ria.
Depois engoliu. Em segundos nasceu-lhe uma asa. Depois a outra. Nem queria acreditar! Finalmente podia voar como as aves!!! Saiu e começou a fazer esses e mais esses até cair em redondiz no chão!!
Decidiu ir fazer a surpresa aos seus amigos na festa da baixa – mar.
Já o baile ia a meio quando a Dona Lontra Bernardina tira o seu casaco e
eleva-se no ar, com uma elegância, uma leveza… Tal não foi o desconcerto que até os berbigões pensaram que ela sempre tivera asas!
No fim da noite conheceu o corvo-marinho Abana-Abana que a convidou para voarem até à Ásia. Dona Bernardina disse que sim.
Mas ainda não foi. Não tem tempo. O Mago PMC Zóico nomeou-a naturalista do reino Ceno. O seu laboratório é agora ao ar livre e anda numa azáfama a conhecer cada insecto, cada planta, cada pôr-do-sol da Ria de Alvor.
Dona Lontra Bernardina tem na ria de Alvor um laboratório de alquimia. Quer fazer umas asas para velivolar pelo atrimundo, como a águia, como a andorinha. Tira que põe, mexe que gira. Tira que põe, mexe que gira.
No Inverno, a Águia Pesqueira conta-lhe sobre a neve na Escandinávia.
No Verão o Perna – Longa conta-lhe sobre os desertos de África. E a Dona Lontra Bernardina pergunta-lhes:
- Porque não têm asas as lontras? E porque não voam o mundo?
Já criou um buzinverso unilaranja, uma estrelância ourinémona, uma serilua triluche. Umas asas é que não. E tenta, tenta, tenta. Tira que põe, mexe que gira. Tira que põe, mexe que gira.
Um dia foi visitá-la o Borrelho-de-Coleira-Interrompida e levou-lhe a morraça verde de que fez o seu ninho no sapal.
- A morraça pode ser o ingrediente que te falta!
Noutro dia, foi vê-la a Andorinha-do-Mar-Anã e ofereceu-lhe um estorno flexível de que fez o seu ninho na duna.
- O estorno pode ser o que precisas para as asas!
Ainda noutro dia entrou pela sua casa adentro uma Dourada que a brindou com um pacote do mais saboroso plâncton das águas do estuário.
- O plâncton pode ser o segredo para voares!
Dona Lontra Bernardina agradeceu os seus presentes. Pela primeira vez tomara consciência de que não conhecia as plantas que cresciam mesmo ao lado da sua casa. Nem nunca tinha ido ao sapal, nem à duna, nem às águas do estuário… E mesmo antes de experimentar os novos ingredientes, resolveu retribuir a visita aos seus amigos.
No prado do sapal encontrou o pai Borrelho, que era jardineiro, a podar sapeiras e tamargueiras. Queria deixar tudo pronto para ir ao festim da baixa – mar, organizado pelas amêijoas e lingueirões.
Na duna deparou com a Andorinha-do-Mar-Anã no ninho, protegida do vento pelos cordeirinhos da praia. Chegou mesmo no momento em que umas andorinhas – bebé se libertavam da casca do ovo e outras já corriam atrás de um gafanhoto.
No estuário, imersa nas cores de um jardim de algas e limos, descobriu a Dourada, que era enfermeira e estava a cuidar dos recém – nascidos linguados, robalos e sargos.
Borrelho, Andorinha e Dourada prometeram-lhe que na próxima visita ainda lhe mostrariam outras coisas:
- Quero que vejas como estas flores amarelas vivem dentro das outras plantas do sapal – disse o Borrelho.
- Vou buscar-te na próxima tempestade para veres como a minha duna amortece as ondas – disse a Andorinha.
- Quando o meu amigo choco vier, vou chamar-te para o ajudarmos a pôr os ovos nas alfaces-do-mar – disse a dourada.
Dona Lontra Bernardina chegou a casa cansada. Que fantástico mundo novo tinha ali mesmo ao pé! Dormiu umas horas e quando acordou foi direitinha ao laboratório. À poção para voar juntou a morraça, o estorno e o plâncton. Agitou firmemente aquela mistura psicadélica de verdígulas vermelhas e colocou o tubo de ensaio durante algumas horas nas águas calmas da ria.
Depois engoliu. Em segundos nasceu-lhe uma asa. Depois a outra. Nem queria acreditar! Finalmente podia voar como as aves!!! Saiu e começou a fazer esses e mais esses até cair em redondiz no chão!!
Decidiu ir fazer a surpresa aos seus amigos na festa da baixa – mar.
Já o baile ia a meio quando a Dona Lontra Bernardina tira o seu casaco e
eleva-se no ar, com uma elegância, uma leveza… Tal não foi o desconcerto que até os berbigões pensaram que ela sempre tivera asas!
No fim da noite conheceu o corvo-marinho Abana-Abana que a convidou para voarem até à Ásia. Dona Bernardina disse que sim.
Mas ainda não foi. Não tem tempo. O Mago PMC Zóico nomeou-a naturalista do reino Ceno. O seu laboratório é agora ao ar livre e anda numa azáfama a conhecer cada insecto, cada planta, cada pôr-do-sol da Ria de Alvor.
Sem comentários:
Enviar um comentário