quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Secreta Vida Geológica


A suportar a rocha em camadas horizontais da praia saem da areia estátuas de homens que sobem os últimos degraus da escada geológica.

Quando chegam à superfície, uns pela cintura, outros ao nível dos ombros, param. São estátuas - testemunha.

Em muitos a própria cabeça transforma-se na primeira camada horizontal, fundindo-se com as outras. Os pescoços alinhados formam grutas e pelos contornos das mãos entram rasgos de sol para o interior secreto da vida geológica.

Uma derrocada corta a harmonia dos movimentos das bancadas porque um homem de pedra se recusou a subir pelo vale.
Ali corre o túnel onde se trocam humores entre a terra e o céu, como a água que corre aconchegada na ondulação calcária.

Traz consigo outros homens de pedra de outras paragens. Estátuas que subiram escadas mais altas até ao topo da montanha, que se desfez, e cujos destroços a água trouxe para verem o mar.

No topo da arriba sucedem-se paralelas esfinges.
As suas patas de leoas aventuram-se em frente, como proas a indicar um rumo. O caminho de mais rocha para erguer por batalhões de homens.
O seu rumor sente-se perto. Estarão a chegar?

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