O Trompete Voador só canta canções de pirata:
- Sou o pirata da perna de pau, de olho de vidro e cara de mau…
Bem queria tocar canções mais próprias de um trompete com formação clássica, por isso tenta, tenta… Todos os dias tenta uma marcha fantástica que ele adora, o “Wash Post”, mas nada. Sempre que os seus botões se baixam sai o mesmo tema:
- Sou o pirata da perna de pau, de olho de vidro e cara de mau…
O trompete voador não percebia porquê e resolveu ir pedir ajuda à Senhora das Águas.
Navegou pelos ares mesmo juntinho à superfície das ondas, até que chegou às montanhas submarinas de Gorringe, no oceano Atlântico, a caminho da ilha da Madeira.
Ficou a tocar por ela durante 7 dias e 7 noites. Interpretava ininterruptamente a mesma canção:
- Sou o pirata da perna de pau, de olho de vidro e cara de mau…
Até que, exausto de tanto trompetar, deu um suspiro tão forte que conseguiu o timbre mais horrível do mundo!
- Vhhee Frrhuuuu…
Assustada, a Senhora das Águas irrompeu das profundezas para ver se era o gigante Adamastor!
A Senhora saiu tão depressa que uma máscara salta da água e cola-se ao Trompete Voador que num segundo se transforma… no Pirata Encantado!
O Pirata Encantado mergulha, recupera a sua nau que as areias remexidas deixaram a descoberto e põe-se a navegar rumo a Portugal. Como as velas estavam podres, a Medusa Xis ofereceu-se para se desfraldar no mastro.
Tudo a postos, só falta a canção. E foi aí que o pirata se espantou: da sua voz não saíam trovas de corsário, só marchas!
E é assim que a nau do Pirata Encantado se está a aproximar da nossa costa, ao som do “Wash Post”:
– Pam, pam, para, rã, pam, pam, pa-rã, rã… pam, pam, para, pari, rarã…
pam, pam, para, pari, rarã…
Pam, pam, para, rã, pam, pam, pa-rã, rã…
pam, pam, pa rã, pam, pam, pa rã
pam, pam, pa rã, pa rã, pa rã
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