domingo, 17 de agosto de 2008

Lenda do Arraul da Ria Formosa



Era uma vez um rapaz chamado Arraul que vivia na Atlântida. O seu pai era o guarda-mor das colunas de Hércules, e Arraul ajudava-o a controlar a entrada e a saída dos navios no grande porto. Como adorava o mar, foi o primeiro a reparar que o nível das águas cada dia era mais alto. Disse ao seu pai, disse a toda a gente, e ninguém fez caso dele.


Até que um dia veio uma onda gigante e inundou todo o continente da Atlântida. Arraul foi o único sobrevivente. Foi arrastado para alto-mar e uma baleia engoliu-o.


A baleia foi apanhada por uma tempestade de levante e depois de tantas e tantas voltas enjoou e vomitou o Arraul ao largo do Algarve. Arraul só se recorda de abrir os olhos deitado de costas na areia da praia, no Sítio das Prainhas, o local onde nasceu Olhão. Ficou algum tempo estendido com a cabeça às reviravoltas, até que se levanta, olha para o mar e a sua primeira preocupação foi: tenho de proteger esta cidade de uma onda gigante como a que destruiu a Atlântida.


Olhou para trás de si, viu o Cerro de São Miguel e teve uma ideia brilhante: esgaravatar a areia do cerro, transportá-la e colocá-la frente à costa.
Foi isso mesmo que ele fez, e sem muito esforço porque Arraul era muito forte. Assim nasceram as ilhas – barreira da Barreta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas, que protegem a laguna e os canais da Ria Formosa.


Já mais descansado, Arraul pôde dedicar-se às actividades da pesca – até dizem que era ele a assar sardinhas no fundo da ria quando à superfície se via a água a borbulhar em círculos concêntricos.


Mas mesmo assim Arraul ainda não estava satisfeito. Pensava ele que se um dia viesse uma onda super-gigante, a protecção pelas ilhas não seria suficiente. Por isso resolveu escavar uma gruta no Cerro da Cabeça para as populações se esconderem, só que se perdeu no labirinto e nunca mais conseguiu sair.


Diz a lenda que Arraúl, na sua busca por encontrar saída, escavou e continua a escavar túneis por baixo da terra no Algarve inteiro e que, um dia, vai sair quando alguém bater no chão com o nó dos dedos e chamar "Arraúl!”

1 comentário:

Unknown disse...

Obrigada! A minha filhota ficou com tanto medo dum tsunami... agora passou ;-)